O Piauí deu Gerson Castelo Branco de presente para o mundo. E desde então, o celebrado arquiteto piauiense chama a atenção por suas criações espetaculares. Ele mora em uma casa criada por ele mesmo, literalmente no meio do mata, com sua filha Bella, para se inspirar melhor em seus projetos e se manter em maior harmonia com o que acredita. Seu livro “Paraqueira In Natura” é uma obra que reflete sua paixão pela exuberante natureza que o sempre cerca e como ela pode ser incorporada em seus projetos de maneira inovadora e sustentável. Uma matéria de oito páginas na Arquitecture Digest evidencia seu trabalho único e integração perfeita da arquitetura com o meio ambiente. Determinado e perseverante, ele transforma desafios em consonante busca por aprimoramento de ideias e habilidades. Com sua abordagem autodidata e criativa, Gerson é um exemplo inspirador para todos aqueles que desejam seguir seus sonhos e fazer a diferença no mundo em que habitam. Recentemente, em uma rápida passagem por Fortaleza, ele visitou a Casa Cor Ceará, quando pode rever as amigas Neuma e Nereide Figueredo, trocar experiências com outros profissionais da área e rever alguns amigos. Senhora e senhores, vamos conhecer aqui alguns nuances do Homem de Vitórias da vez, o celebradíssimo Gerson Castelo Branco em uma conversa rápida na casa de seu irmão Cabeto Carvalho!
Rapidíssima!
Gerson por Gerson – Creio ter um olhar amoroso sobre a vida!
Arquitetura – Um sonho, que pode ou não ser materializado. Desde cedo, sabia o que queria e andei nesta direção.
Estudos – Eu estava mais interessado nas vivências, não cursei Arquitetura, fiz três anos de Belas Artes na UFBA, mas já estava trabalhando com Arquitetura que chegou na minha vida aos 14 anos.
Passatempo – Estar envolvido pelas artes e pela Natureza.
Amizades – algumas da adolescência, mas sou um ermitão. Por várias décadas vivi isolado. Tenho poucos amigos; alguns deles são muito especiais.
Família – Tenho duas: a natural e a conquistada nesses 75 anos de existência. Elas são meu equilíbrio!
Criar – É um processo natural, uma transmissão,.. Muitas vezes, flui a partir de um detalhe… Vem como uma brisa!
Força – Vem de Deus, depois da natureza.
Viagens – Fiz muitas, conheço uns vinte países… a mais empolgante foi pela Cordilheira dos Andes em quatro meses.
Paraqueira – Vem de “Paraca”, um apelido de adolescente, por viver rindo e de bem com a vida. Na década de 70, em 75, fui morar numa aldeia de pescadores, buscando elementos naturais; lá, nasceu uma arquitetura que era a cara do Brasil, alí nascia as PARAQUEIRAS.
PARAQUEIRAS – ‘Paraqueira In Natura’ é um trabalho de resgate e documentação do legado de Gerson Castelo Branco, um autodidata arquiteto do Piauí, amplamente reconhecido mundialmente e citado por Oscar Niemeyer como um dos 40 arquitetos mais influentes do Brasil. Seu trabalho já teve destaque em novelas e minisséries da Rede Globo, além de ter sido tema de um episódio inteiro no programa “Casa Brasileira,” do GNT.
Morar – Minha morada está em um terreno de Viçosa que é de 79; a casa nasceu em 84, a partir do desenho do telhado, não teve projeto. Tudo fluiu naturalmente de cima para baixo, orgânica, aberta para a mata, como uma casa da árvore. E a casa ganhou notoriedade… deve ter aparecido em umas 20 revistas e uns três livros. Ela ganhou prêmios. A mais importante publicação tem oito paginas na Architectural Digest americana.
Saúde – Tenho uma genética de gente que viveu bastante, procuro o bem estar.
Vida – Vou a urbanidade como se visita um shopping. Dessa matriz não espero nada! Fico sempre atento às manipulações desse sistema maldito. Por aqui a passagem é rápida. Meu interesse maior é no desenvolvimento do meu ser racional.
Sonho – A vida já é um; estou interessado no despertar!
Amor – Sempre em desenvolvimento.
Felicidade – A encontro nas coisas mais simples: no cair de uma chuva, no cantar dos pássaros, no sentir o perfume da mata, da mesa farta, do afago de minha filha. Bella.
Medo – Da crueldade dos demônios materializados.
Futuro – Só tenho presente eterno.
Prêmios – Foram ate agora sete, vários deles, eu agradeço a Olga Krell, uma amiga e incentivadora.
UMA HOMENAGEM
OLGA KRELL – A história de Olga Krell teve início em Cracóvia, sua cidade natal na Polônia. Ela era filha de um arquiteto bem-sucedido, mas a Segunda Guerra Mundial trouxe o temor de uma invasão alemã, levando sua família a uma grande jornada até o Brasil. Olga, fluente em inglês, francês, polonês, alemão e, é claro, português, concluiu seu mestrado em arquitetura na Cornell University, em Ithaca, Nova York, e chegou a trabalhar em alguns projetos nos Estados Unidos. Quando retornou ao Brasil, sua carreira tomou um novo rumo à medida que ela passou a criar ambientes e produzir reportagens para a revista Claudia. Embora Olga não fosse originalmente uma jornalista, ela percebeu que essa vocação corria em suas veias e rapidamente ascendeu na direção da Casa Claudia, a principal publicação de decoração e design do país. Anos depois, optou por empreender, fundando sua própria agência de publicidade e comunicação, Olga Krell Associados, onde construiu uma carteira de clientes pessoal, com foco especial no setor de casa e decoração, ao mesmo tempo em que assumiu a direção editorial da revista A&D – Arte e Decoração. Não demorou muito para que ela lançasse seu primeiro livro, “Saber Receber,” que abordava o estilo de vida brasileiro, a arte de bem receber e a decoração de espaços. Paralelamente, criou a Espaço D, dedicada ao segmento de casa e decoração de ambientes. Admirada por sua incansável atuação nesse universo, Olga Krell recebeu o Prêmio Caboré na categoria “Profissional de Veículo,” o Prêmio Top of Mind Brasil na categoria Publicidade e até mesmo o título de Professora Honoris Causa pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Toda essa trajetória não passou despercebida pelo jornalista Claudio Yida, que esteve ao seu lado por mais de 30 anos e se tornou autor do livro “Olga Krell – A Grande Dama da Decoração.” Apesar de sua modéstia, Olga costuma recusar o título, mas, segundo o escritor, no fundo, todos sabem que ela aprecia o reconhecimento. “Observa Yida.” O livro, com suas 268 páginas, foi lançado em Belo Horizonte a convite da AMIDE e narra a vida da polonesa, destacando sua importância no mercado editorial e seu papel como formadora de excelentes profissionais no campo da decoração e do design. O livro também apresenta impressões de repórteres, fotógrafos, produtores, arquitetos, decoradores e outros profissionais que compartilharam sua jornada com Olga. A Grande dama da decoração no Brasil, morre aos 80 anos, em São Paulo, em 2015.
Saudade – Do olhar materno, do pedir a bênção aos mais velhos da família antes de dormir e ouvir um a um dizer “Deus te abençoe“.
Mensagem – Que nada disso tem importância! Tudo passa!
Música – No leito de morte, minha mãe abriu os olhos, sorriu, rezamos o “Pai Nosso” coloquei ela para falar ao telefone com meu irmão Cabeto. Depois disso, ela fechou os olhos e eu deixei tocar a Ave Maria, dezenas de vezes. Ela partiu! Quando eu sai do hospital caminhando, havia cheiro de jasmim no ar. Tentei localizar de onde ele vinha. Estava vindo de um muro próximo da nossa antiga casa da Coronel Linhares. Meu pai quando ia namora-la, tirava um pequeno bouquet do jardim da casa do meu avô e a presenteava. Eu nasci e vivi sob o efeito dessa fragrância.
