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CAIXA Cultural Fortaleza apresenta a exposição Barroco Sertanejo, de Stênio Burgos

A CAIXA Cultural Fortaleza inaugura, no dia 27 de setembro, a exposição Barroco Sertanejo, mostra individual do artista cearense Stênio Burgos, com curadoria de Denise Mattar. A mostra iniciou seu percurso na Caixa Cultural São Paulo, em janeiro, e seguiu para a Caixa Cultural Salvador e Recife, chegando agora à Caixa Cultural Fortaleza. O projeto tem o patrocínio do Instituto Myra Eliane.

O título da exposição Barroco Sertanejo surgiu de uma conversa entre o artista e a curadora, e é uma síntese precisa da dualidade de Burgos, criado entre o calor da baianidade de sua mãe e a severidade do sertão cearense de seu pai.

Nas palavras de Mattar: “Seu trabalho reúne o risco duro e a exuberância cromática, a economia do traço e a profusão da tinta, a contenção e o excesso.”

Para as espaçosas galerias da Caixa Cultural Fortaleza, foram incorporadas novas obras em cada um dos núcleos da exposição. Embora apresente majoritariamente obras realizadas entre 2020 e 2021, a mostra se reveste de um caráter retrospectivo, pois alinha, em conjuntos, as principais pesquisas do artista. Assim, podem ser vistas suas paisagens de 2002 a 2021, elaboradas a partir de uma pintura-desenho delineada em traços rápidos e vigorosos, construídos com espessa materialidade. São riscos e rabiscos saídos do tubo de tinta, que se projetam sobre o fundo criando uma espécie de baixo-relevo, dando à paisagem dinamismo e leveza.

Outra vertente é a pesquisa sobre a linguagem da cor, que resulta em intrigantes escalas cromáticas. São conjuntos de pequenas pinturas formando graduações colorísticas precisas realizadas a partir das caixas dos tubos de tinta. O conjunto se completa com duas instalações, cada uma com quase seis metros de largura. São grandes painéis de tecido reunindo acasos que se transformam em constelações. Beco das Flores é constituído por sete obras realizadas em gestos e pinceladas que criam ritmos e cores. Criado após a pandemia, o conjunto é apresentado pela primeira vez ao público.

A forte influência da Holanda, país no qual Stênio morou por longos períodos entre 2004 a 2019, também se faz presente na mostra por meio do desafio que o artista fez a si mesmo: pintar buquês de flores da estação, um a cada semana, mês a mês. A pesquisa se transformou numa constante de sua produção e aos buquês ele acrescenta, com frequência, os símbolos de fé da nossa gente: imagens devocionais e santos protetores, Jesus e Maria, São Jorge e Iemanjá, deuses ibéricos e africanos. Uma mistura improvável do sincretismo brasileiro e do colorido floral europeu, com traços de nostalgia e lirismo.

A exposição se encerra com as Cartas do Confinamento, produzidas em 2020, quando Stênio se isolou na sua casa na praia de Amontada. Um forte momento de reflexão sobre a solidão e a finitude humanas, que podem ser vistas nas séries: A Invenção da Solidão e Ensaio sobre a Cegueira, bem como no painel Odisseia, uma grande pintura in progress, que se renova continuamente.

SOBRE O ARTISTA

José Stênio Burgos de Macedo nasceu em Crateús, em 11 de abril de 1954, filho do médico cearense Francisco Sales de Macedo e da baiana Sonia Belo Burgos. Desde criança gostava de desenhar, e veio daí sua opção por estudar Arquitetura, que cursou na Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza. Ainda como estudante, viajou para Paris, onde visitou os museus, impregnando-se de Arte. Na volta começou a trabalhar no Banco Central, e, após sua formatura, em 1978, conseguiu uma transferência para o Rio de Janeiro.

Nesse período conviveu intensamente com artistas como Paulo Roberto Leal, Alex Vallauri, entre outros, e assistiu à luta pela mudança política, à agitação, ao frenesi e à festa da Geração 80. Entretanto, nada daquilo combinava com seu trabalho. Pediu demissão em 1982 e voltou para o sertão. Foi um momento de recolhimento, de busca interior. Um movimento de solitude que repetiria algumas vezes em sua vida, como um recurso de renovação.

De volta ao Rio, participou, como arquiteto, de um grupo de estudos prospectivos sobre futuros possíveis, organizado pelo Clube de Roma. Na contramão das formulações acadêmicas, Stênio Burgos apresentou suas reflexões sob a forma de um caderno contendo desenhos, poemas e pensamentos, ao qual deu o nome de Realtopia. Uma proposta de unir realidade e utopia, sem ocultar fatos ou criar fantasias. Nas páginas do caderno, estão contidas observações afetivas, diagnósticos sensíveis e considerações sobre a sociedade de consumo, que é vista como um circo e descrita com humor rascante. A proposta lhe rendeu um convite para estudar em Barcelona, onde permaneceu por três anos.

De volta ao Ceará, em 1987, conviveu estreitamente com a arte sob o olhar sensível da amiga Myra Eliane. Nesse período sua criatividade se expressava na arquitetura, na criação de interiores, no garimpo de objetos e na seleção de obras de arte. A busca pelo raro e exclusivo o levou ao extremo sul do país, onde viveu fundamental encontro com o mestre Iberê Camargo e sua pintura forte, densa, carregada de presságios, prenhe da energia das tintas que se acumulam jorrando diretamente do tubo. Em 1998, aconteceu a ruptura e a epifania. Stênio saiu da cidade e isolou-se na praia. Levado por uma paixão, mal sabia que viria a ser subjugado por outra mais poderosa, mais absorvente e mais imperativa: a pintura. Em 2004, o artista apresentou sua primeira grande exposição individual: “Terras e Céus”, na Galeria Tina Zappoli, em Porto Alegre.

Desde então, participa do circuito cultural cearense e holandês. Entre suas exposições individuais, destacam-se: “Os Jardins de Nice por Stênio Burgos”, Museu do Ceará, 2006; “Stênio Burgos (Brazilië)”, Centre for Latin American Research and Documentation, Amsterdã,  2009; “Colorido Rozengracht”, Galerie Overstrom, Amsterdã, 2015; “Sertão Holandês”, Museu do Ceará, 2017; “Manuale di Calligrafia e Pittura, Centrum Sete Sóis Sete Luas, Pontedera, Itália, 2018; “À Flor da Pele”, Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará, MAUC, 2019 e “Realtopia – Exposição retrospectiva”, Espaço Cultural Unifor, Fortaleza, CE, 2020.

SOBRE O INSTITUTO MYRA ELIANE

O Instituto Myra Eliane atua desde 2016, no estado do Ceará, com o objetivo de contribuir na transformação da sociedade por meio da vivência dos valores humanos universais (amor, paz, verdade, retidão e a não violência) na educação infantil.

O Instituto acredita que fortalecer a vivência de valores na infância, alicerce da vida humana, trazendo à formação da criança estímulos positivos, como atenção, cuidado, zelo, harmonia, afeto e amor, em um ambiente permeado por uma cultura de paz, possibilitará o florescer de um jovem mais equilibrado e íntegro e de uma sociedade mais saudável e pacífica.

A instituição atua criando multiplicadores desse modelo educativo e avaliando os resultados em sala de aula. São 14 municípios parceiros no estado do Ceará e cerca de 46 mil crianças beneficiadas, até o momento.

STÊNIO BURGOS – BARROCO SERTANEJO 

– CAIXA Cultural São Paulo – 15 de janeiro a 3 de abril

– CAIXA Cultural Salvador – 18 de abril a 19 de junho

– CAIXA Cultural Recife – 5 de julho a 11 de setembro

– CAIXA Cultural Fortaleza – 27 de setembro a 20 de novembro

Serviço:

Local: CAIXA Cultural Fortaleza

Abertura: 27 de setembro, terça-feira, às 19h

Período expositivo: 28 de setembro a 20 de novembro de 2022

Endereço: Av. Pessoa Antas, 287, Praia de Iracema – Fortaleza, CEP 60060-188

Horário: terça a sábado, das 10h às 18h. Domingo, 12h às 18h.

Informações: (55) (85) 3453-2770

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Philippe Felix

Graduado em Administração e em Marketing, Philippe já viajou pelos mais cobiçados destinos turísticos nacionais e internacionais. Carrega uma bagagem de experiências no mercado de mídia online adquirida por mais de 20 anos como comunicador, influencer e webdesigner. Fundou e dirigiu os portais LeBafon e NordesteVip e atualmente assina seu nome no ConceituAdo.com

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